Uma equipe de pesquisadoras da Universidade Federal de Sergipe desenvolveu uma maneira de tratar efluentes, ou seja, dejetos líquidos, resultados de atividades industriais e humanas, como por exemplo o esgoto sanitário, por meio da microalga Chlorella vulgaris. A ideia sustentável voltada para empresas que produzem efluentes tóxicos, é um projeto que tem o apoio financeiro do Governo do Estado, por meio do Programa Centelha, que é operacionalizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec).
O projeto teve início durante o segundo ano do mestrado da engenheira química, Sheila Silva. Atualmente mestre na área, Sheila já estudava o comportamento da microalga em outros meios e decidiu juntar sua pesquisa com a de outra mestranda do seu grupo de estudos, o que resultou no projeto. A iniciativa é um grande ganho para sociedade e para o meio ambiente, pois o processo realizado pela Chlorella vulgaris é totalmente limpo e sem agressão ao meio ambiente, tendo como resíduo a biomassa, que pode ser utilizada para diversos fins.
As pesquisadoras optaram pela microalga por diversos fatores, um deles foi a já citada proximidade e experiência que existia com o microrganismo. Entretanto, de acordo com Sheila, a Chlorella vulgaris possui outras vantagens, como a resistência, inclusive, à contaminação, além de possuir a capacidade de adaptação em diferentes ambientes, permitindo assim seu uso em diferentes atividades.
Ela conta que os tratamentos tradicionais fazem o uso do lodo ativado, que é um combinação de bactérias que podem consumir os poluente orgânicos presentes nos efluentes, contudo, esse consumo acaba alimentando as bactérias que passam a se reproduzir mais rápido, e essa quantidade se torna resíduo desse tratamento, o qual não pode ser descartado no meio ambiente sem os devidos cuidados como a neutralização. “Apesar de com as microalgas termos o aumento da quantidade de biomassa, essa biomassa é totalmente rentável e pode ser utilizada tanto na produção de ração para animais, quanto na produção de energia”, explica a engenheira.
A proposta do projeto é voltada para o Estado de Sergipe, onde serão tratados os esgotos sanitários, o chorume em aterros sanitários e os efluentes de queijarias e matadouros, os quais, por lei, devem baixar a quantidade de carga orgânica antes de serem despejados nos mananciais. Até o momento, o tratamento já foi aplicado no esgoto sanitário da Universidade Federal de Sergipe (UFS), obtendo grandes resultados.
Centelha A mestre em Engenharia Química acredita que o projeto Centelha é de grande importância para o meio acadêmico e contribuiu positivamente com seu projeto. “Dentro das universidade existem muitas ideias e estudos inovadores que podem ser transformados em empreendimentos, mas nem sempre conseguimos ver por esse ângulo, e quando conseguimos, falta a verba e apoio para levarmos as ideias a esse nível. O edital do Centelha surge como incentivador dessas ideias, nos dando a possibilidade de tirá-las do papel”, afirma.
O Programa Centelha é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap). A Fundação CERTI também integra a parceira, sendo responsável pela operação. Em Sergipe, o Governo do Estado conduz o programa através da Fapitec, que é vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec). O propósito do programa é disseminar a cultura empreendedora no Brasil e estimular a criação de empreendimentos inovadores.