
Projeto Cultive-se é uma das ações de biotecnologia e genética apoiadas pela FAPITEC e Programa Centelha II
Texto: Kátia Azevedo
Bolsista DTI-3/FAPITEC/SE/FUNTEC/Edital Nº1/2022/ Projeto Boletim Fapitec Ciência/ Programa de Comunicação Científica e Tecnológica (PROCIT)
Fotos/ Divulgação/ Projeto Cultive-se
O plantio de hortas urbanas como experiência de sustentabilidade na produção de alimentos frescos e saudáveis é uma prática crescente no Brasil. Em Aracaju, o projeto “Cultive-se: Fazenda Vertical” coloca em prática este tipo de inovação. O projeto é uma das ações inovadores desenvolvidas na área de biotecnologia e genética apoiados pelo Editalnº 11/2021 da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE) e do Programa Centelha II.
Fotos/ Divulgação/ Projeto Cultive-se
A fazenda vertical sustentável é um sistema de cultivo hidropônico que maximiza o uso do espaço, economiza água, elimina o uso de agrotóxicos e permite o cultivo o ano inteiro, como explica o fundador e coordenador doprojeto, oengenheiro agrônomoFelipe Hermínio Oliveira Souza. “Somos uma resposta à demanda por alimentos frescos e saudáveis nas cidades”, pontua.
De acordo com o coordenador do projeto, o principal desafio do “Cultive-se” está em aprimorar o cultivo de microverdes e validar a sua viabilidade como produto no mercado da alta gastronomia e de alimentos saudáveis no município de Aracaju. “Os microverdes são hortaliças colhidas em seu estágio de maior valor nutricional e sensorial, com cerca de 7 a 14 dias de desenvolvimento e chegam a possuir até 40vezes mais nutrientes do que plantas convencionais”, explica.

Políticas Públicas
O principal resultado do empreendimento tem sido o crescimento expressivo da comercialização pioneira para o mercado B2B [abreviação para “Business to Business”, que significa “Empresa para Empresa”, que na prática é o comércio estabelecido entre empresas]. “Já estamos compondo receitas gastronômicas e pratos para diversos restaurantes em Aracaju”, conta.
“Além disso, estamos cultivando e desenvolvendo metodologias inovadoras para a produção de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs), em especial, flores comestíveis”, completa Felipe Hermínio Oliveira Souza.
Suprir insegurança alimentar
Outro aspecto importante do projeto é o foco em políticas públicas que atendam à demanda alimentar apontada pelo levantamento do Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional de Sergipe (Osanes) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que revelou a necessidade de políticas públicas que possam auxiliar a qualidade e acesso aos alimentos.
Ainda de acordo com Felipe, o “Cultive-se” tem obtido êxito em produzir alimentos com eficiência em ambiente urbano, de forma compacta e modular. Sendo assim, capaz de implementar fazendas verticais em áreas de insegurança alimentar e desertos nutricionais.
“O Cultive-se possui a capacidade técnico-científica de auxiliar na implementação de políticas públicas que forneçam, através dos supernutritivos microverdes, o aporte nutricional necessário aos indivíduos carentes ou que possuam necessidades alimentares sensíveis e específicas, em locais como escolas, asilos e hospitais”, aponta o coordenador.
Educação ambiental
Ele ressalta ainda que o projeto é um bom exemplo do objetivo do conhecimento na universidade ser voltado para atender a demandas sociais, o que envolve, entre outros fatores, a interação socioambiental entre a população e a natureza. Um dos aspectos relevantes, segundo ele, é a ação de educação ambiental que envolve a interação das crianças com os alimentos.
Felipe chama a atenção para o fato de que os microverdes podem e devem ser aliados na introdução alimentar de crianças, fomentando uma futura geração que buscará ativamente por uma alimentação mais saudável.

Ciência, inovação e tecnologia
Outra questão é a interação com a universidade. Segundo o coordenador do projeto, o “Cultive-se” tem promovido uma importante interação com a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Sergipe, através da oferta de estágio remunerado para estudantes dos cursos de Agronomia e Administração.

A partir da parceria com espaços que promovem e apoiam iniciativas científicas, a exemplo da UFS e Fapitec, o projeto promove apesquisa científica na área de adubação para o cultivo de microverdes, sendo base para Trabalho de Conclusão de Curso – TCC em Engenharia Agronômica.
O diretor-presidente da Fapitec/SE, Alex Garcez, ressalta que “a iniciativa é importante para promover a sustentabilidade, a geração de renda e o acesso a uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos. Iniciativas como esta já estão acontecendo em grandes cidades e nada melhor do que ter esta startup pioneira na área em nosso estado”, destaca.
Esta é a primeira pesquisa do estado na área, destaca o coordenador do projeto, com objetivo de gerar conhecimento sobre as melhores e mais eficientes práticas de cultivo em fazendas verticais. “Nossa projeção de futuro é que o projeto Cultive-se continue a crescer e se fortalecer, desempenhando um papel essencial no desenvolvimento econômico, social e ambiental da região. Estamos comprometidos em construir um futuro mais saudável e sustentável, onde o conhecimento científico e tecnológico se traduza em benefícios tangíveis para a sociedade”, finaliza o engenheiro agrônomo Felipe Hermínio Oliveira Souza.